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sábado, 3 de novembro de 2012

36a mostra internacional de cinema em São Paulo

Nesta última semana, tive a oportunidade de ir assistir a dois filmes da 36a mostra internacional de cinema. Não posso deixar de lembrar León Cakoff, que foi o responsável por este evento existir e sua esposa, Renata que deu continuidade a isso. Devemos saber que ter uma mostra internacional de cinema é um direito, mas é também, um grande privilégio. Aliás, tudo o que se relaciona a arte é assim: é um direito, mas é um deleite e um privilégio, antes de tudo. 

Primeiramente fui assistir ao Nostalgia, de Andrei Tarkovsky. Ele mesmo disse em uma entrevista que o artista deve servir à arte e não o contrário. Ele diz também que a arte influencia o espírito humano. E como! Que filme, gente!! É um mergulho no abismo. Poesia e filosofia correm soltas ali. Imagens simbólicas nos menores detalhes. Ambiente de penumbra. Planos impecáveis. Uma angústia de gelar as artérias. Ao terminar o fime, saí da sala até com tontura. Muito impactante.

Depois, no último dia da mostra, fui assistir ao espetáculo da projeção do Nosferatu. Foi no auditório do Parque do Ibirapuera. Pleno feriado de finados, tempo nublado e com garoa, assistir ao filme sentado no chão! Incrivelmente, o gramado lotou, mesmo que 1 milhão e meio de carros tinham partido rumo ao litoral paulista. Ficou parecendo show de rock. O filme ia começar às 20h00min, às 19h30min já estava intransitável. Fiquei mais de uma hora e meia sentada no chão tomando garoa e frio, ganhei uma belíssima dor nas costas, mas não tem problema, porque o filme é uma verdadeira relíquia. Ainda por cima, acompanhado de orquestra ao vivo. Isso é impagável. A música foi composta especialmente em homenagem a Bram Stoker, porque este ano é o centenário de sua morte.

Nosferatu foi a primeira adaptação para o cinema do romance Drácula de Bram Stoker e é um modelo do Expressionismo alemão. 

Bem, por hoje é só.

Levei cerca de 30 minutos para conseguir sair do parque por conta da quantidade de pessoas presentes no evento.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

4 de outubro, dia do Amado Mestre São Francisco de Assis



Hoje é dia 4 de outubro, dia de São Francisco de Assis e também dia dos animais. Independentemente da crença religiosa de cada um, São Francisco de Assis é um Mestre, um modelo de Ser Humano de verdade. Seus ensinamentos deveriam ser mais estudados e as virtudes que ele demonstrou com os exemplos de sua história de vida, deveriam ser lembradas diariamente.

Então, quero propor algumas reflexões sobre esse assunto.

1) O trem foi inventado em meados do século XIX. Antes disso, todas as viagens e transportes eram feitos por cavalos, mulas, bois, camelos e eqüinos em geral no mundo todo. O que pode justificar ou explicar a extrema crueldade com que são tratados esses animais até hoje, tendo em vista que devemos muito a eles? Touradas, vaquejadas, farra do boi, cavalos de carroças, a indústria da carne, as fazendas de leite, circos, rodeios e sei lá mais quais barbáries o ser humano pode inventar, por que isso é considerado normal?


2) Segundo a organização PETA (sigla em inglês para Pessoas por um tratamento ético aos animais), só nos EUA, 100 milhões de animais (cães, gatos, coelhos, macacos, hamsters e etc) morrem (depois de levar uma vida de pura dor) por ano em testes realizados pelas indústrias química, farmacêutica, cosmética e alimentícia e em experimentos nas faculdades de medicina e toda a área de biomédicas. Fonte: Revista dos Vegetarianos, setembro de 2012.

Fazem isso em nome do "progresso da ciência".

Durante a segunda guerra mundial, judeus, negros, ciganos e homossexuais eram mandados aos campos de concentração nazistas. Muitos deles foram submetidos aos testes científicos dos médicos nazistas. Só para citar um exemplo desses experimentos: a pessoa era colocada num tanque de gelo e deixada ali para os cientistas calcularem o tempo de agonia e o que acontece com o organismo numa situação dessas, como a pessoa vai morrer, etc.

Eles também faziam isso em nome do "progresso da ciência".

Por que nós temos que conviver com isso?



3) O empresário Mário Matsunaga era caçador por esporte. Segundo fotos e relatos divulgados recentemente, ele capturava o animal e o deixava agonizando até morrer e enquanto isso, posava para fotos. Era sempre acompanhado pela esposa, Elise Matsunaga. Depois a esposa o assassinou daquele jeito. Qual é a relação entre os eventos?

4) Milhões de aves e animais silvestres são capturados e mortos no transporte e no processo de comercialização deles. Qual é o grande prazer que a pessoa sente em confinar um belo pássaro numa gaiola para o resto de sua vida? Seria algum tipo de sadismo requintado travestido de amor por aves?

5) Cães e gatos "de rua" não são de rua. São ABANDONADOS, é muito diferente. Foram abandonados por seres humanos cruéis e irresponsáveis.O repórter Record exibiu reportagem sobre o abandono. Reportagem fiel e muito bem conduzida por Marcelo Rezende. O CCZ não é depósito de animais e nem hotel 5 estrelas. Os abrigos de protetores estão abarrotados pelos mesmos motivos: o abandono, a indiferença e a ignorância que cresce e recrudesce na mente coletiva. O que podemos concluir sobre uma sociedade que é INCAPAZ de cuidar ou de respeitar seres tão simples como cães e gatos?

6) Os canis de criação para comercialização de cães e gatos são verdadeiros campos de tortura. Recentemente a Record exibiu excelente reportagem sobre o assunto no Domingo Espetacular. Essa também é uma das causas do abandono.
Comprar e vender são atividades próprias do mundo capitalista. Compramos e vendemos coisas e serviços. Como é que se pode achar normal comercializar animais, se eles não são coisas nem serviços? Raciocínio obtuso.

Essas são apenas algumas questões sobre a problemática da relação ser humano e animal. Mas o assunto é muito mais amplo e mexe com as nossas estruturas mais profundas.

Por hoje, convido a todos para pensarem e refletirem sobre isso. E que o Amado Mestre Francisco de Assis possa iluminar nossas mentes e corações na direção de uma convivência mais pacífica e justa para com os animais.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Histórias Extraordinárias

O espetáculo Histórias Extraordinárias é a leitura dramática de cinco poemas que trazem temas como a violência, a coisificação do ser, o tédio e as ilusões. O título é uma homenagem ao escritor Edgar Allan Poe, o mestre do horror.

A leitura dramática de cada poema é acompanhada por músicas eruditas e músicas compostas e executadas por Cristina Melo. Cristina Melo é musicista, cantora e diretora teatral.

A autoria dos poemas e sua leitura dramática é de Elaine Camilo. Elaine Camilo é escritora, intérprete e membro do projeto Tantas Letras! de São Bernardo do Campo.

O encerramento será feito por uma apresentação de dança da escola Academia Gisella Castelli.

O espetáculo tem como principal eixo temático o respeito à natureza e aos animais, levando-se em conta ainda que o dia 22 de setembro é dia de manifestação nacional contra testes em animais.

O espetáculo acontecerá no dia 22 de setembro de 2012 às 10h30min, na livraria e editora Alpharrabio que fica na Rua Eduardo Monteiro, 151 (altura do número 1000 da av. Portugal), Santo André
Telefone: 4438.4358, www.alpharrabio.com.br

Ingressos: R$2,00

Aguardamos a presença de todos.

sábado, 14 de julho de 2012

A Existência de Matrix


A descoberta do Bóson de Higgs poderá confirmar um modelo físico de grandes repercussões pela comunidade científica. Será a confirmação de que os corpos têm massa por sua causa, existem por sua causa e fazem de sua existência o elemento que não precisa mais ser explicado. Ele é porque é e tudo é por causa dele.

Difícil será explicar para quem continua a perguntar o porquê. A resposta está nele, apenas.  Talvez, por isso, tenha tão grandioso apelido, Partícula de Deus. Deus, para muitos, não se explica, se tem, se aceita e se vive. Tudo dele se origina.

A celebração da realidade física pela ciência se contrapõe à realidade virtual da Matrix, descoberta por Thomas A. Anderson (Keanu Reeves) na trilogia cinematográfica de estrondoso sucesso Matrix.

Mr. Anderson estava adormecido como bilhões de outros seres humanos vivendo dentro apenas de uma realidade virtual quando é libertado e passa a entender ambas as vidas.

Matrix é a realidade falsa, conhecida, percebida e imaginada. A vida nela parece ter sempre um propósito, e a falta de um coloca em xeque a própria existência.

Numa grande rede social na internet, pessoas criam avatares, com nova honra, moral e costumes que podem ser feitos e refeitos conforme a vontade do criador. Fazem, assim, papel de próprio criador e se dão uma nova gênesis.

Entrando na nova sociedade, as realidades se confundem, cada uma tomando parte do tempo do indivíduo, que cada vez mais está vivendo no ambiente mais recente. Também pudera, é o que pode ser modificado.

Aos poucos deixa de se conversar na primeira vida para clicar e compartilhar na segunda. Deixa de parabenizar na primeira, apenas na segunda. Passa a cutucar ao invés de procurar, curtir ao invés de elogiar. Passa a curtir aquilo que nem mesmo gosta mas por ser a forma de comunicação padronizada, exclusiva da nova realidade.

Busca-se na nova realidade sensações e prazeres. Semelhanças com a Matrix, onde prazer, satisfação e conquistas são objetivos e sua permanente busca gera energia nos corpos físicos instalados na primeira realidade.

A energia dispendida ao viver, pensar e interagir numa rede social é liberada para o mundo físico, usada em raciocínios curtos, com até 140 caracteres.  E canalizada para algum lugar? Perdida...

A vida na Matrix faz do ser humano uma bateria, geradora de energia. Basta estacionar o corpo em uma cápsula, vestir um óculos de realidade ampliada, viver e interagir com outros avatares. Não participar da realidade virtual será ato julgado como alienação voluntária, inadmissível e condenada com legítimo desprezo dos habitantes da Matrix. Para seus habitantes é o melhor lugar para se viver, incontestavelmente.

E agora, com a descoberta da Partícula de Deus? Ela não encerra a procura da matéria nem da realidade. A realidade, que em outra teoria é relativa, mostra a cada instante novas formas, dimensões e revela, constantemente, a abismal insignificância do ser humano no universo.

(MC)

segunda-feira, 9 de julho de 2012

POR QUE CUIDAR DOS ANIMAIS?


Hoje estou aqui para falar de uma causa: a proteção aos animais. Mais especificamente aos animais domésticos. Os protetores costumam ter em suas casas grandes quantidades de cães e gatos. Que fique bem clara a diferença entre protetor e colecionador. O colecionador perde o controle, vai recolhendo todos e acaba numa situação insustentável para si e para os animais. Protetor é o que recolhe muitos e consegue sustentá-los, dar-lhes proteção, abrigo, alimento e cuidados diversos. O protetor também costuma encaminhá-los para lares estruturados para que tenham uma vida digna.

A militância dos protetores é, algumas vezes, muito mal entendida. Animais não são substitutos para filhos porque há uma diferença fundamental. O filho deverá crescer e tornar-se alguém capaz de cuidar de si mesmo, terá livre-arbítrio e arcará com as conseqüências de seus atos, muito embora pais e mães não queiram que seja assim. Então, quanto mais o tempo passa, menos o filho deverá precisar da tutela dos pais. O filho é um ser humano, e como tal, tem uma imensa gama de complexidades, gostos, personalidades etc.

Os animais também têm suas personalidades muito próprias, mas eles DEPENDEM inteiramente de seus tutores e cada vez mais. Quero lembrar que foram nossos ancestrais que domesticaram lobos, felinos e equinos porque precisavam deles para ajudá-los em seu cotidiano. Agora, nada mais justo e natural que nós cuidemos deles. Nada mais justo e natural que a gente lhes dê abrigo, alimento, cuidados médicos, atenção e sobretudo, AMOR.

A causa animal é militância, é ter consciência de que somos interdependentes e que toda a natureza é uma rede. Não se trata de simplesmente substituir filhos por cães ou de querer consertar o mundo. Vai muito mais longe, é bem mais complexo. Nem todo protetor de animal é vegano ou vegetariano - mas em geral, é, porque o veganismo também é uma postura filosófica e política.

"Viver é tomar partido"  - esta frase de Gramsci sugere que não é possível viver sem se posicionar, sem ter seu próprio norte e sem ter consciência. Ser protetor de animal e vegetariano é tomar partido do Bem, do Belo e da Verdade, só para lembrar os princípios gregos. É ter valores mesmo estando numa sociedade desestruturada.

O sentimento de compaixão não é algo muito fácil de alcançar. Compaixão não é sentir pena. Compaixão é sentir a dor/sofrimento do outro e, ao mesmo tempo, ter forças e estrutura para ajudar. No universo da proteção aos animais, além da compaixão, é preciso ter condições para suportar a impotência, a frustração; fazer o bem é muito difícil - o mundo capitalista parece não gostar de atos benévolos gratuitos.

 Você não é obrigado a gostar de animais, mas é necessário haver o respeito e a compreensão. Animais de rua não estão na rua porque querem, eles não têm livre-arbítrio. Eles estão na rua por irresponsabilidade e crueldade de um ser humano. Eles não são animais de "rua", eles foram abandonados na rua por alguém. Rua não é lugar para animais. Protetores de animal não são funcionários do governo e não recebem absolutamente nenhuma ajuda do Poder Público nem de ninguém. O que fazem é com seus próprios recursos e com ajuda de pessoas sensíveis à causa. Os abrigos que existem estão todos lotadíssimos. Nenhuma ong ou protetor tem condições de "pegar" o animal que você não quer mais, o que, aliás, é um absurdo simplesmente a pessoa não querer mais um animal. Antes de adotar um animal, pense muito, converse com sua família, analise suas condições e sua rotina. PELO AMOR DE DEUS, não compre animais!! O comércio de animais é de uma crueldade insana.  E se você já tem o seu animal, CUIDE BEM dele. Leve ao veterinário, dê boa alimentação, dê abrigo, dê atenção e carinho e castre, por favor, castre seu animal! É para o bem dele e para o seu sossego! Tome cuidado com portas, portões e coleiras para ele não fugir. Tem acontecido muito de animais sumirem. Cuidado redobrado em dias de fogos, é perigosíssimo! Informe-se mais sobre cuidados com os animais, existem inúmeras publicações, programas e sites onde você pode se informar a respeito.

Por hoje é só, pessoal. Espero que tenham gostado.


segunda-feira, 25 de junho de 2012

Dica de filme: Sombras de Goya

Sombras de Goya (Goya´s Ghosts) - direção: Milos Forman

Assisti a este filme recentemente e por isso hoje estou postando um breve comentário porque o filme merece. É a história de uma jovem acusada de praticar o judaísmo pela Santa Inquisição na Espanha no século XVIII, com o testemunho do artista Francisco Goya, que havia feito um retrato desta moça, antes de ser levada aos porões da inquisição. A Revolução Francesa e as guerras napoleônicas acontecem durante o percurso da vida desta moça. Não me importa se a história é real. É verossímil. As obras de Goya são destacadas ao longo do filme. Reconstituição impecável da época. Não deixem de ver, vale a pena.

terça-feira, 15 de maio de 2012

VOCABULÁRIO INFELIZ

É comum em nossa sociedade o infeliz hábito de xingarmos uns aos outros usando nomes de animais. Cachorro é o indivíduo sem caráter, mulherengo, traidor. Cachorra, então, é a mulher vulgar, de mau caráter também. Vaca, galinha, piranha também são palavras usadas para tais definições. Cavalo para os indivíduos grosseiros e sem educação. Esse hábito infeliz também está nas telenovelas e programas diversos. Recentemente observei em duas telenovelas o uso da palavra ariranha para mulheres grosseiras e traidoras. Quando fui verificar, vi que ariranha é um animal marinho, semelhante a uma foca que não apresenta ABSOLUTAMENTE nada do sentido que é dado à palavra.
Os humildes burros, jegues, jumentos, mulas têm seus nomes ligados a pessoas estúpidas, ignorantes e desprovidas de bom senso. Urubus e abutres são relacionados a pessoas aproveitadoras, oportunistas e corruptas. QUANTA INJUSTIÇA!

Veja bem: o cachorro e a cachorra são os maiores exemplos de FIDELIDADE, COMPANHEIRISMO e AMOR INCONDICIONAL. A vaca e a galinha são ícones de mansidão, simplicidade e além disso, são mães exemplares. Cavalos são a verdadeira personificação da dignidade, sensibilidade, elegância e força. Burros, jegues, jumentos e mulas são trabalhadores incansáveis e disciplinados e não têm nada de ignorantes. Sabem exatamente qual é o trabalho a ser feito, o caminho a ser percorrido. Urubus e abutres têm a importantíssima função de lixeiros da natureza, o que é que isso tem a ver com corrupção e oportunismo?

Quem usa nomes de animais para xingar os outros, na verdade, os está elogiando. É um elogio ser chamado de cachorro, significa que ele é fiel, companheiro, amoroso, protetor. Ser chamado de burro? quer dizer o oposto: muito inteligente e disciplinado. Ser xingada de vaca, galinha, cachorra, ariranha? não se incomodem, estão sendo elogiadas, elevadas! Quer imagem maior de ternura que uma vaca com seu filhote? de uma galinha chocando seus ovos? E o que dizer do cuidado e proteção que uma cachorra dedica aos seus filhotes? Ariranhas? são fofinhas, lindinhas! E se for chamado de abutre ou urubu, pode se sentir importante, imprescindível, na verdade.

Ora, pessoal, a língua portuguesa é riquíssima. Tem adjetivos para tudo o que você quiser e imaginar. Vamos aprender a usar direito as palavras e principalmente, a não transferir para os animais as mazelas que são APENAS nossas. Eles, felizmente, não têm essas "qualidades" . Só mesmo o ser humano é capaz de tanta variedade.

Que tal pensar antes de usar uma palavra? Não é tão difícil assim, acredite!

Até mais, pessoal.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Johnny Depp e Tim Burton falam sobre ‘Sombras da Noite’

Pessoal, vejam isto aqui. Parece que vai ser um filme interessante.

Johnny Depp e Tim Burton falam sobre ‘Sombras da Noite’

MÚSICA E LITERATURA

É muito interessante observar as semelhanças de idéias e sentimentos entre músicos e escritores de tempos e contextos muito diferentes. É aí que podemos perceber que a inspiração/criação artística independe de fatores educacionais, ambientais e culturais. É algo que vem mesmo de algum lugar do espírito, lá dos porões do inconsciente ou talvez das mais altas esferas do universo. Alguém pode achar que isso é somente uma mera coincidência. Se for, é muita coincidência.

Em alguns casos pode ser uma homenagem de um artista a outro, isto é outra coisa. Eric Clapton homenageou Elmore James com uma música parecida com outra de Elmore James.
Pode ser influência de um artista em outro, isto é OUTRA coisa. Por exemplo, John Lennon e Michael Jackson foram influenciados por Elvis Presley. Fernando Pessoa foi influenciado por Walt Whitman e Clarice Lispector, por Kafka.

O que estou dizendo é desta "coincidência" de idéias e sentimentos entre artistas completamente distantes no tempo e no espaço.  Vamos observar um caso: Manuel Bandeira, poeta brasileiro, nasceu em 19 de abril de 1886 em Recife e morreu em 13 de outubro de 1968. Durante a vida, morou no Rio de Janeiro.Teve influência dos poetas parnasianos e simbolistas do final do século XIX e também dos simbolistas franceses Rimbaud, Baudelaire e Mallarmé. Participou do movimento modernista e das atividades da Semana de Arte Moderna em 1922 aqui em São Paulo.

Led Zeppelin, banda de rock dos anos 70 e 80.

O que é que Manuel Bandeira tem a ver com Led Zeppelin?

Transcrevo abaixo o poema Vou-me embora para Pasárgada de Manuel Bandeira e a tradução da letra de Going to California de Led Zeppelin e respondam vocês mesmos a essa pergunta.

Vou-me embora para Pasárgada

Vou-me embora para Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora para Pasárgada.

Vou-me embora para Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
que Joana, a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
vem a ser contraparente
da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d´água
pra me contar as histórias
que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora para Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
de impedir a concepção
tem telefone automático
tem alcalóide à vontade
tem prostitutas bonitas
para a gente namorar.

E quando eu estiver mais triste
mas triste de não ter jeito
quando de noite me der
vontade de me matar
lá sou amigo do rei
terei a mulher que quero
na cama que escolherei
Vou-me embora para Pasárgada.

Manuel Bandeira


Indo Para Califórnia

Gastei meus dias com uma mulher indelicada,
Fumei meus bagulhos e bebi todo meu vinho.
Decidi fazer um novo começo,
Indo para a Califórnia com uma dor no meu coração.
Alguém me disse que há uma garota por lá
Com amor em seus olhos e flores em seu cabelo.

Arrisquei minhas chances em um grande avião a jato,
Nunca os deixe dizer que elas são todas iguais.
O mar estava vermelho e o céu estava cinza,
Eu me perguntava como o amanhã poderia seguir o hoje.
As montanhas e os canyons começaram a tremer e sacudir
Conforme as crianças do sol começavam a despertar

Parece que a ira dos Deuses
Tomou um soco no nariz e começou a sangrar
Acho que talvez eu esteja afundando
Me jogue uma corda, se eu alcançá-la a tempo
Eu te encontrarei lá em cima onde o caminho
Segue reto e pro alto

Encontrar uma rainha sem um rei
Dizem que ela toca violão e chora e canta la la la
Monto uma égua branca nas pegadas da alvorada
Tentando encontrar uma mulher que nunca, nunca, nunca nasceu
De pé em uma colina na minha montanha de sonhos
Dizendo a mim mesmo que isso não é tão difícil, difícil, difícil quanto parece


 

Composição: Jimmy Page / Robert Plant
Bem, o resto é com vocês. That´s all, folks.

sábado, 5 de maio de 2012

MAIS ROCK

Hoje estive na exposição Let´s Rock na Oca no Parque do Ibirapuera.  Os quatro andares da Oca estão repletos de fotos e painéis com objetos raros de roqueiros de todos os tempos. Para meu alívio, não havia filas nem tumultos. Pude andar sossegadamente pelos corredores e apreciar os materiais expostos. Tinha uma foto do Alice Cooper junto com o Salvador Dali; muito impactante. Várias fases de Mick Jagger. As lendas do blues B.B. King, John Lee Hooker, Robert Johnson ali estavam brilhantes!!
Fez muito bem aos meus olhos ver fotos do kiss de 1975! Ganhamos uma cortesia da revista Rolling Stone que traz a lista dos 100 maiores guitarristas do século. Fotos antigas de Fred Mercury autografadas. Guitarras do Metallica. David Bowie lá nos psicodélicos anos 70 (com aquele cabelo vermelho espetado). Os nossos também estavam lá: os maravilhosos Titãs, Paralamas, Ultraje, Barão Vermelho, Rita Lee e inclusive Wanderléa, Erasmo, Roberto e Ronnie Von! A exótica Nina Haggen, Janis Joplin, Amy Winehouse, Pretenders e Michael Jackson também estão ali. E tem muito mais. Puxa, como é bom ter acesso a boa música! Nietzche dizia que não é possível viver sem música. Ele tinha toda a razão.

Ganhei o dia com esse passeio. A exposição vai até dia 27/05. Quem gosta de rock não deve perder. Não é caro, o ingresso custa R$20,00 e tem meia entrada para estudantes, professores e idosos.
Mais uma coisinha: a TV Cultura está exibindo uma série de documentários sobre a história do Rock aos sábados às 21h45min. Muito oportuno. Até mais, pessoal.

LET´S ROCK!

terça-feira, 1 de maio de 2012

ROCK E MÚSICA ERUDITA

O rádio e a televisão são dois meios de comunicação muito importantes para o nosso mundo. A internet não anula a importância desses dois meios, até porque acredito que uma grande parte da sociedade ainda se utiliza apenas do rádio e da televisão para obter informações diversas. Mas é difícil achar uma programação que realmente seja interessante. Hoje cedo eu estava nos meus afazeres domésticos e queria ficar com o rádio ligado. Fiquei na rádio Cultura FM 103.3 e fiquei sabendo do nome de um compositor brasileiro de música clássica: Alexandre Guerra; segundo o locutor, ele está sendo considerado o Vivaldi brasileiro pois suas composições têm o sentido das 4 estações. Depois eles tocaram uma das composições dele. Linda. Suave. Sensível. Mais tarde um pouco acabei mudando para a Kiss FM 102.1, a rádio rock e eles declamaram a oração do roqueiro que transcrevo agora para vocês:

"Elvis Presley que estais no céu, muito escutado seja Bill Halley, venha a nós o Chuck Berry, seja feito barulho à vontade, assim como Hendrix, Sex Pistols e Rolling Stones.
Rock and roll que a cada dia nos melhora, escutai sempre Clapton e Neil Young, assim como Pink Floyd e David Bowie. E não deixeis cair o volume do som da estação 102,1. Mas livrai-nos do pagode e do axé. Amém!"

A oração está também do site da Kiss www.kissfm.com.br. Adorei. Amém, amém, amém!!

Boa semana a todos!

quinta-feira, 19 de abril de 2012

DIA DO ÍNDIO

Hoje é dia do índio. É melhor eu nem começar a enumerar o tanto de barbáries cometidas pela "civilização" contra os índios, porque senão o texto vai pesar.  Não é preciso fazer isso, todo mundo está exausto de saber toda essa história macabra. Quero aproveitar a ocasião para lembrá-los de dois filmes muito bons acerca do assunto: Dança com Lobos (Kevin Costner) e Enterrem meu coração à beira do rio (este tem livro também). Ambos tratam do massacre de índios lá na América do Norte. Agora tem o Xingu, que é a viagem dos irmãos Villas Boas ao Xingu, que eu ainda não assisti. E temos agora um fato: no sul da Bahia, índios Pataxó invadem terras, ocupam as fazendas, expulsam os trabalhadores, etc, etc porque o governo da Bahia vendeu terras indígenas a fazendeiros!!

Com tudo isso, eu resolvi transcrever um trechinho do famoso Discurso do chefe Seattle:

"Minhas palavras são como as estrelas - elas não empalidecem.
Como podes comprar ou vender o céu, o calor da Terra? Tal idéia nos é estranha. Se não somos donos da pureza do ar ou do resplendor da água, como podes então comprá-los? Cada torrão desta terra é sagrado para o meu povo, cada folha reluzente de pinheiro, cada praia arenosa, cada véu de neblina na floresta escura, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados nas tradições e na consciência do meu povo. A seiva que circula nas árvores carrega consigo as recordações do homem vermelho. O homem branco esquece a sua terra natal, quando - depois de morto - vai vagar por entre as estrelas. Os nossos mortos nunca esquecem esta formosa terra, pois ela é a mãe do homem vermelho.Somos parte da terra e ela é parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia - são nossos irmãos. As cristas rochosas, os sumos da campina, o calor que emana do corpo de um mustang, e o homem  - todos pertencem a mesma família."

Até a próxima  

sexta-feira, 13 de abril de 2012

HENRY DAVID THOREAU

Henry David Thoreau é um poeta norte-americano que viveu em Concord, Massachussets, EUA de 1817 a 1862 e talvez se encaixe entre os poetas Românticos porque seus textos nos levam a sonhar com liberdade, com paz, com utopias maravilhosas. Recentemente tenho lido um livro dele cujo título é Walden. Walden é o nome de um lago à beira do qual ele construiu uma cabana e ali ficou durante um tempão (não sei exatamente quanto tempo) escrevendo o livro. O texto não é exatamente uma estorinha ou páginas de poemas bucólicos, não. É um texto em que ele desenvolve pensamentos e reflexões acerca da vida humana, dos absurdos que a civilização faz e do tanto que às vezes no anseio de realizarmos desejos, acabamos por cair em escravidões, quando não, caimos no ridículo mesmo.  Hoje, sabemos que Thoreau é um ecologista, talvez até fosse um hippie lá nos anos 70, mas lá no século XIX ele foi bastante incompreendido. Mas ele nem ligou para isso, continuou bem firme no seu próprio rumo. E, além de tratar das questões ecológicas, ele nos leva a uma profundíssima viagem interior.

Ele é citado num filme chamado Na natureza selvagem em que o protagonista sai da cidade, da vida "certinha" para uma aventura nas montanhas, nas florestas apenas com uma mochila nas costas. Interessantíssimo. É citado também no filme Sociedade dos Poetas Mortos também como referência de liberdade e de autenticidade. Para quem está estudando o Romantismo brasileiro, é útil dar uma olhadinha em Thoreau, ajuda bastante. Nas próximas publicações eu vou transcrever uns trechos do Walden. Lembram daquela música "Eu quero uma casa no campo...", então é esse o tema. É isso aí.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

MAIS CINEMA

Assisti ao filme A dama de ferro (The Iron Lady) com a Meryl Streep. É uma narrativa que conta a história da primeira ministra britânica Margareth Thatcher. O filme mescla imagens reais (da época) com as imagens do filme. É bem feito. O que chama a atenção mesmo é a atuação da Meryl Streep e sua caracterização. Realmente perfeita. Outra coisa que o filme enfatiza é a questão do papel da mulher nas décadas de 50, 60 e 70. Isso é que é legal. É um bom filme para assistir com toda a família. É bom para quem está estudando história ou especificamente esta época. Quem entende mais a política e a história provavelmente vai curtir mais. Ou quem viveu na pele toda aquela situação. Sim, porque o que acontecia lá refletia aqui, não tenha dúvida. Mostra aquela situação da guerra das Malvinas, que recentemente quase se repetiu. A queda do muro de Berlim, enfim toda aquela efervescência dos anos 80. É uma boa pedida.

domingo, 8 de abril de 2012

FILME: POESIA

É, o título do filme é Poesia. É de um diretor de nome Lee Chang-dong, deve ser chinês.  Ganhou prêmio de melhor roteiro em Cannes. Conta a história de uma senhora que adora poesia, procura a beleza e por isso começa a frequentar um curso de poesia. Paralelamente, a realidade corre solta e não é tão bela assim. Bem, o filme não é exatamente um deleite estético e nem uma trama muito elaborada. É simples, mas não é mal feito. É realista, mas não é grosseiro. Seria útil, por exemplo, em reuniões em que se queira fazer reflexões, só que precisa ser uma platéia madura.  A história se passa na China, mas é universal. A história mostra inclusive a doença que está atacando os idosos: o mal de Alzheimer. Quer dizer, o filme tem diversas camadas, serve para várias discussões.
Esta é a dica de hoje. That's all, folks...

sexta-feira, 6 de abril de 2012

DICA DE FILME

Um dia desses assisti a um filme chamado Melancholia de Lars Von Trier. Estou ainda sob o impacto da beleza do filme. As imagens, a música (Richard Wagner), a história bem levada me encantaram.  O tema predominante é o fim do mundo, mas ele parte do macro ao micro, ou seja, o que acontece lá nas estrelas, acontece no interior da mente humana, na psiquê, no redemoinho de nossas emoções.
É muito bonito. Vale a pena mesmo assistir.

PENSAMENTO

"Olhe no fundo dos olhos de um animal e, por um momento, troque de lugar com ele. A vida dele se tornará tão preciosa quanto a sua e você se tornará tão vulnerável quanto ele. Agora sorria, se você acredita que todos os animais merecem nosso respeito e nossa proteção, pois em determinado ponto eles são nós e nós somos eles." Philip Ochoa

Este pensamento me lembra um texto do Kafka cujo título é Comunicação a uma academia em que ele conta a história de Pedro, o vermelho, um macaco que se transforma em humano. A narrativa nos leva a pensar na condição humana. Também me lembra de um filme com Anthony Hopkins chamado Instinto, que trata de um antropólogo que vai estudar os gorilas e acaba sofrendo uma profunda transformação.
Então este é motivo da existência deste blog. Falarmos dos animais, do cinema, da literatura e das artes em geral.

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