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sábado, 14 de julho de 2012

A Existência de Matrix


A descoberta do Bóson de Higgs poderá confirmar um modelo físico de grandes repercussões pela comunidade científica. Será a confirmação de que os corpos têm massa por sua causa, existem por sua causa e fazem de sua existência o elemento que não precisa mais ser explicado. Ele é porque é e tudo é por causa dele.

Difícil será explicar para quem continua a perguntar o porquê. A resposta está nele, apenas.  Talvez, por isso, tenha tão grandioso apelido, Partícula de Deus. Deus, para muitos, não se explica, se tem, se aceita e se vive. Tudo dele se origina.

A celebração da realidade física pela ciência se contrapõe à realidade virtual da Matrix, descoberta por Thomas A. Anderson (Keanu Reeves) na trilogia cinematográfica de estrondoso sucesso Matrix.

Mr. Anderson estava adormecido como bilhões de outros seres humanos vivendo dentro apenas de uma realidade virtual quando é libertado e passa a entender ambas as vidas.

Matrix é a realidade falsa, conhecida, percebida e imaginada. A vida nela parece ter sempre um propósito, e a falta de um coloca em xeque a própria existência.

Numa grande rede social na internet, pessoas criam avatares, com nova honra, moral e costumes que podem ser feitos e refeitos conforme a vontade do criador. Fazem, assim, papel de próprio criador e se dão uma nova gênesis.

Entrando na nova sociedade, as realidades se confundem, cada uma tomando parte do tempo do indivíduo, que cada vez mais está vivendo no ambiente mais recente. Também pudera, é o que pode ser modificado.

Aos poucos deixa de se conversar na primeira vida para clicar e compartilhar na segunda. Deixa de parabenizar na primeira, apenas na segunda. Passa a cutucar ao invés de procurar, curtir ao invés de elogiar. Passa a curtir aquilo que nem mesmo gosta mas por ser a forma de comunicação padronizada, exclusiva da nova realidade.

Busca-se na nova realidade sensações e prazeres. Semelhanças com a Matrix, onde prazer, satisfação e conquistas são objetivos e sua permanente busca gera energia nos corpos físicos instalados na primeira realidade.

A energia dispendida ao viver, pensar e interagir numa rede social é liberada para o mundo físico, usada em raciocínios curtos, com até 140 caracteres.  E canalizada para algum lugar? Perdida...

A vida na Matrix faz do ser humano uma bateria, geradora de energia. Basta estacionar o corpo em uma cápsula, vestir um óculos de realidade ampliada, viver e interagir com outros avatares. Não participar da realidade virtual será ato julgado como alienação voluntária, inadmissível e condenada com legítimo desprezo dos habitantes da Matrix. Para seus habitantes é o melhor lugar para se viver, incontestavelmente.

E agora, com a descoberta da Partícula de Deus? Ela não encerra a procura da matéria nem da realidade. A realidade, que em outra teoria é relativa, mostra a cada instante novas formas, dimensões e revela, constantemente, a abismal insignificância do ser humano no universo.

(MC)

2 comentários:

  1. A análise que o texto faz está perfeita. É por isso que a arte "usa mentiras para dizer verdades". Toda obra de arte está refletindo uma verdade mesmo que seja uma ficção científica. É por isso que a arte é a única coisa que pode eternizar alguém.

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  2. E mais: que linda a atuação de keanu Reeves! E a estética do filme, sua ambientação, os efeitos, as músicas, tudo lindo. É um marco do cinema do século XX.

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