Hoje estou aqui para falar de uma causa: a proteção aos animais. Mais especificamente aos animais domésticos. Os protetores costumam ter em suas casas grandes quantidades de cães e gatos. Que fique bem clara a diferença entre protetor e colecionador. O colecionador perde o controle, vai recolhendo todos e acaba numa situação insustentável para si e para os animais. Protetor é o que recolhe muitos e consegue sustentá-los, dar-lhes proteção, abrigo, alimento e cuidados diversos. O protetor também costuma encaminhá-los para lares estruturados para que tenham uma vida digna.
A militância dos protetores é, algumas vezes, muito mal entendida. Animais não são substitutos para filhos porque há uma diferença fundamental. O filho deverá crescer e tornar-se alguém capaz de cuidar de si mesmo, terá livre-arbítrio e arcará com as conseqüências de seus atos, muito embora pais e mães não queiram que seja assim. Então, quanto mais o tempo passa, menos o filho deverá precisar da tutela dos pais. O filho é um ser humano, e como tal, tem uma imensa gama de complexidades, gostos, personalidades etc.
Os animais também têm suas personalidades muito próprias, mas eles DEPENDEM inteiramente de seus tutores e cada vez mais. Quero lembrar que foram nossos ancestrais que domesticaram lobos, felinos e equinos porque precisavam deles para ajudá-los em seu cotidiano. Agora, nada mais justo e natural que nós cuidemos deles. Nada mais justo e natural que a gente lhes dê abrigo, alimento, cuidados médicos, atenção e sobretudo, AMOR.
A causa animal é militância, é ter consciência de que somos interdependentes e que toda a natureza é uma rede. Não se trata de simplesmente substituir filhos por cães ou de querer consertar o mundo. Vai muito mais longe, é bem mais complexo. Nem todo protetor de animal é vegano ou vegetariano - mas em geral, é, porque o veganismo também é uma postura filosófica e política.
"Viver é tomar partido" - esta frase de Gramsci sugere que não é possível viver sem se posicionar, sem ter seu próprio norte e sem ter consciência. Ser protetor de animal e vegetariano é tomar partido do Bem, do Belo e da Verdade, só para lembrar os princípios gregos. É ter valores mesmo estando numa sociedade desestruturada.
O sentimento de compaixão não é algo muito fácil de alcançar. Compaixão não é sentir pena. Compaixão é sentir a dor/sofrimento do outro e, ao mesmo tempo, ter forças e estrutura para ajudar. No universo da proteção aos animais, além da compaixão, é preciso ter condições para suportar a impotência, a frustração; fazer o bem é muito difícil - o mundo capitalista parece não gostar de atos benévolos gratuitos.
Você não é obrigado a gostar de animais, mas é necessário haver o respeito e a compreensão. Animais de rua não estão na rua porque querem, eles não têm livre-arbítrio. Eles estão na rua por irresponsabilidade e crueldade de um ser humano. Eles não são animais de "rua", eles foram abandonados na rua por alguém. Rua não é lugar para animais. Protetores de animal não são funcionários do governo e não recebem absolutamente nenhuma ajuda do Poder Público nem de ninguém. O que fazem é com seus próprios recursos e com ajuda de pessoas sensíveis à causa. Os abrigos que existem estão todos lotadíssimos. Nenhuma ong ou protetor tem condições de "pegar" o animal que você não quer mais, o que, aliás, é um absurdo simplesmente a pessoa não querer mais um animal. Antes de adotar um animal, pense muito, converse com sua família, analise suas condições e sua rotina. PELO AMOR DE DEUS, não compre animais!! O comércio de animais é de uma crueldade insana. E se você já tem o seu animal, CUIDE BEM dele. Leve ao veterinário, dê boa alimentação, dê abrigo, dê atenção e carinho e castre, por favor, castre seu animal! É para o bem dele e para o seu sossego! Tome cuidado com portas, portões e coleiras para ele não fugir. Tem acontecido muito de animais sumirem. Cuidado redobrado em dias de fogos, é perigosíssimo! Informe-se mais sobre cuidados com os animais, existem inúmeras publicações, programas e sites onde você pode se informar a respeito.
Por hoje é só, pessoal. Espero que tenham gostado.
Abandonar um animal é ato de extrema maldade. Se pensarmos no que o dono representa para aquela pequena criatura, simplesmente sua vida, o abandono se torna de imensurável crueldade.
ResponderExcluirPor essas e outras que discordo completamente das péssimas comparações de pessoas com animais, como se os últimos representassem as piores manifestações dos primeiros.
Não faz nenhum sentido cachorro, cobra, burro ou jumento servirem de adjetivos quando um ser humano pratica alguma atrocidade.
Deveriam servir como elogio, para aqueles que disseminassem o amor, companheirismo, amizade e confiança, qualidades cada vez mais raras em animais racionais.
Excelente informações e muito útil e muito bem escrito.
ResponderExcluirSilvana